Estamos em outubro, mês de conscientização da população para o Câncer de Mama. Globalmente, esta é a neoplasia maligna mais frequentemente diagnosticada e a principal causa de morte por câncer em mulheres [1]. Decerto, o que muitas de nós não sabe é que metade dos cânceres de mama recém-diagnosticados pode ter fatores de risco conhecidos. Além disso, adotar um estilo de vida saudável pode prevenir esta enfermidade.
O que podemos mudar nas nossas vidas para prevenir o Câncer de Mama?
1) Manter o Peso Saudável
A obesidade (índice de massa corporal definido ≥ 30 kg / m2) está associada a um aumento geral da morbidade e mortalidade. Contudo, o risco de câncer de mama associado ao aumento de peso parece depender se a mulher está ou não na menopausa.
Portanto, mulheres na pós-menopausa com maior índice de massa corporal (IMC) e/ou ganho de peso na perimenopausa parecem apresentar maior risco de desenvolver câncer de mama [2].
Assim, a associação entre aumento do peso e risco de câncer de mama na pós-menopausa pode ser explicada por níveis mais elevados de estrogênio [3]. Além disso, a hiperinsulinemia também contribui para esta associação. Porque um alto IMC está associado a níveis mais altos de insulina [4].
2) Limitar o tempo de Terapia Hormonal na Pós Menopausa
Muitas das evidências disponíveis sugerem uma relação causal entre a terapia de reposição hormonal da menopausa e o câncer de mama. A duração do uso e o tipo de formulação hormonal parecem ser fatores importantes. Primeiramente, o uso a longo prazo tem sido associado ao risco mais elevado. Contudo,o uso a curto prazo da terapia combinada de estrogênio e progesterona (menos de três anos ) não parece aumentar significativamente o risco desta doença.
3) Não consumir Álcool em excesso
O consumo de álcool está associado a um risco aumentado de desenvolvimento de câncer de mama. Há evidências consistentes de que o risco de câncer de mama é maior para mulheres que consomem níveis baixos (<1 bebida / dia) a altos (≥3 doses / dia) de álcool em comparação com abstêmios [5]. Além disso, parece haver uma relação dose-dependente significativa, começando com ingestões de três a seis drinques por semana.
4) Não fumar
Decerto os resultados não tenham sido uniformes, vários estudos sugerem que há um aumento modesto do risco de câncer de mama em fumantes. Como resultado, em uma meta-análise de 27 estudos observacionais prospectivos, o risco de câncer de mama foi aumentado entre pacientes com histórico de tabagismo [6].
5) Não Trabalhar no turno noturno
O trabalho noturno é reconhecido pela Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer e pela Organização Mundial da Saúde (IARC / OMS) como provável carcinógeno [7].
● Um estudo de 2012 sobre enfermeiros relatou que os turnos de trabalho após a meia-noite estavam associados a um risco elevado de câncer de mama. Com o maior risco observado em enfermeiros que trabalhavam a longo pazo nos turnos noturnos [8].
Essa associação pode estar relacionada à exposição noturna à luz.Consequentemente, ocorre uma supressão da produção noturna de melatonina pela glândula pineal. Assim, a evidência para apoiar isso vem da descoberta de que níveis baixos de 6-sulfatoximelatonina (o principal metabólito da melatonina) que estão associados a um risco aumentado de câncer de mama [9]
6) Amamentar se for possível
Igualmente, um efeito protetor do aleitamento materno tem sido demonstrado em estudos de casos múltiplos e estudos de coorte e metanálises, cuja magnitude depende da duração da amamentação [10].
Uma grande revisão que incluiu dados individuais de 47 estudos estimou que, para cada 12 meses de amamentação, houve uma redução de 4,3% no risco relativo de câncer de mama [11].
7) Atividade física
Embora não haja evidência direta de que a inatividade esteja associada a um risco aumentado de câncer de mama, o exercício físico regular parece oferecer proteção contra o câncer de mama, particularmente em mulheres na pós-menopausa[12]. Como resultado, uma revisão com 2016 estudo sestimou que o risco de câncer de mama foi reduzido entre as mulheres mais ativas em comparação com mulheres menos ativas [13].
8) Alimentação saudável
A dieta mediterrânea, pode diminuir o risco de desenvolver câncer de mama. Esta é caracterizada pela abundância de alimentos vegetais, peixes e azeite de oliva.
Certamente, isto foi sugerido por uma análise secundária de um ensaio clínico de mais de 4000 mulheres com idades entre 60 e 80 anos. As participantes foram aleatoriamente designadas em três grupos. O primeiro, adotou uma dieta mediterrânea suplementada com azeite extra-virgem. Os seguintes, uma dieta mediterrânea suplementada com nozes mistas e uma dieta controle ( conselhos para reduzir a gordura na dieta) [14]. Comparado com o grupo controle, mulheres que consumiram a dieta mediterrânea suplementada com nozes apresentaram uma tendência à diminuição das taxas de câncer de mama.
Outras considerações da alimentação
O consumo de soja pode ser um fator protetor. Uma meta-análise de 2008 de oito estudos que avaliaram o impacto da ingestão de alimentos à base de soja e o risco de câncer de mama relataram os seguintes resultados [15]:
● Primeiramente, entre as mulheres asiáticas, uma maior ingestão de isoflavonas (≥20 mg por dia) foi associada a uma redução de 29% no risco de câncer de mama, com evidência de uma relação dose-resposta.
● Entre as mulheres ocidentais, não houve associação com a ingestão de soja. No entanto, o maior nível de consumo de soja foi de apenas aproximadamente 0,8 mg por dia, o que pode não ter sido suficiente para observar um efeito.
Similarmente, os dados sobre a contribuição de frutas e vegetais sobre o risco de câncer de mama são inconclusivos. Enquanto algumas evidências sugerem nenhum efeito, outros estudos apontam uma pequena redução no risco de câncer de mama. [16]
Outro fator importante é diminuir o consumo de gorudra. De fato, uma associação entre a ingestão de gordura e o risco de câncer de mama não foi claramente estabelecida. No entanto, pode haver um efeito modesto ao comparar extremos do consumo destes alimentos. Em uma revisão publicada em setembro de 2018 pesquisadores avaliaram a relação entre o consumo carne e câncer de mama. A conclusão foi que o consumo de carne vermelha foi associado a 6% maior de risco e carne processada (embutidos) 9% maior risco de desenvolver esta enfremidade[17].
Inegavelmente, algumas mudanças no estilo de vida podem prevenir uma doença tão devastadora.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter. Ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como endocrinologista em São Paulo!
Referências
1. Global cancer statistics, 2012.
2. Adult weight change and risk of postmenopausal breast cancer.
3. Body mass index, serum sex hormones, and breast cancer risk in postmenopausal women.
4. Insulin, insulin-like growth factor-I, and risk of breast cancer in postmenopausal women.
8.Case-control study of shift-work and breast cancer risk in Danish nurses: impact of shift systems.
9.Urinary 6-sulfatoxymelatonin levels and risk of breast cancer in postmenopausal women.
10.Breastfeeding and breast cancer risk by receptor status–a systematic review and meta-analysis.
12.Physical activity and breast cancer prevention.
15.Epidemiology of soy exposures and breast cancer risk.
16.Circulating carotenoids and risk of breast cancer: pooled analysis of eight prospective studies.