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Queda de Cabelo: o que você precisa saber

A queda de cabelo é uma queixa frequente. Existem muitos tipos de perdas e doenças relacionadas a esta alteração tão incômoda. Para entendermos melhor o que acontece é necessário conhecer um pouco sobre o ciclo do fio de cabelo.

Vamos tratar aqui apenas de um tipo de queda de cabelo: o eflúvio telógeno. Ou seja, aquela forma mais corriqueira que não envolve doenças cicatriciais do couro cabeludo.

Queda de cabelo: Eflúvio Telógeno

O eflúvio telógeno é uma forma de perda capilar difusa e não-cicatricial que se apresenta como uma perda transitória ou crônica de cabelo. Neste caso, a perda de cabelo ocorre por resultado de uma mudança anormal no ciclo folicular que leva à sua queda prematura .

Uma ampla variedade de fatores tem sido associada à indução do eflúvio telógeno. Exemplos incluem cirurgia de grande porte, doença grave, parto, desnutrição proteica ou calórica, drogas e estresse emocional grave. Em alguns casos, a causa não é clara.

Quem sofre?

Certamente, este tipo de queixa é uma das formas mais comuns de queda de cabelo. O eflúvio telógeno não parece ter uma predileção por determinados grupos étnicos.

A maioria dos especialistas divide o eflúvio telógeno em variantes agudas e crônicas. O tipo agudo pode ocorrer em qualquer idade, incluindo lactentes e crianças. No entanto,  mulheres são mais propensas a apresentar o eflúvio telógeno agudo do que os homens. Já o tipo crônico, é muito menos comum que a variante aguda e é mais frequentemente diagnosticado em mulheres entre as idades de 30 e 60 anos.

Por que ocorre a queda de cabelo?

O excesso de queda de cabelo que caracteriza o eflúvio telógeno ocorre como resultado da regulação alterada do ciclo de crescimento do folículo piloso. Normalmente, cada folículo apresenta três fases principais:

  1. anágena (crescimento)
  2. catágena (transformação)
  3. telógena (repouso)

O final da fase de repouso, que dura de quatro a seis semanas é marcado pela queda do cabelo. Na ausência de desordens no couro cabeludo ou no cabelo, 50 a 150 cabelos tipicamente são perdidos a cada dia.

O eflúvio telógeno ocorre quando a proporção de folículos capilares na fase de repouso aumenta significativamente, resultando na queda marcante do cabelo. Apenas cerca de 10% dos folículos estão na fase telógena. No eflúvio telógeno, estima-se que 7 a 35 por cento dos folículos (que normalmente teriam permanecido na fase de crescimento) mudam para a fase de repouso.

O mecanismo de perda de cabelo no eflúvio telógeno não é completamente compreendido. É geralmente aceito que um evento fisiológico identificável ou oculto estimula uma mudança no ciclo folicular.

Quais as causas?

Uma ampla variedade de fatores tem sido associada à indução da queda de cabelo.

As potenciais causas para a queda de cabelo incluem:

  • doença aguda ou crônica
  • Doença vascular do colágeno
  • doença febril
  • Cirurgia importante
  • Pós Parto (telógeno gravídico)
  • Perda de peso rápida
  • Restrição dietética calórica
  • Deficiências nutricionais
  • Anemia por deficiência de ferro
  • Deficiência de zinco
  • Distúrbios endócrinos (por exemplo, hipotireoidismo ou hipertireoidismo)
  • Drogas, suplementos ou toxinas
  • Estresse emocional significativo
  • condições inflamatórias do couro cabeludo (por exemplo, dermatite seborréica)
  • Condições infecciosas que afetam o couro cabeludo (por exemplo, fungos, bactérias, vírus ou espiroquetas)

A relação entre os níveis séricos de ferritina ou vitamina D  e queda de cabelo é controversa. Estudos avaliando a relação entre os níveis séricos de ferritina e o eflúvio telógeno produziram resultados conflitantes , contribuindo para a contínua incerteza sobre a relação entre essas condições.Bem como o valor da suplementação de ferro em pacientes não anêmicos.

O que acontece?

O principal achado clínico no eflúvio telógeno é uma redução aguda ou crônica da densidade capilar do couro cabeludo. Menos de 50% do cabelo do couro cabeludo é normalmente perdido. Portanto, a progressão para completar a calvície não ocorre. A boa notícia é que você não ficará careca.

Como apenas uma parte do cabelo é perdida, a gravidade da perda pode não ser prontamente aparente em pessoas com histórico de cabelos volumosos. Nesses casos, a queixa e a visualização de fotografias anteriores podem fornecer uma ideia mais clara da alteração na densidade do cabelo.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do eflúvio telógeno geralmente pode ser feito com base na história do paciente, no exame físico e no teste de puxada capilar. O reconhecimento de queda de cabelo não inflamatória e difusa deve levantar a suspeita clínica deste tipo de queda de cabelo. A biópsia do couro cabeludo não é necessária na maioria dos casos.

Os principais questões são:

  • Quando começou, há quanto tempo dura e possíveis causas
  • Quantidade estimada de cabelo perdido diariamente, aparência de fios de cabelo perdidos [cabelos intactos ou quebrados?]
  • Doença médica recente ou crônica
  • Grandes cirurgias
  • Perda de peso rápida
  • Dietas restritivas
  • Parto recente
  • Anemia por deficiência de ferro
  • Deficiência nutricional ( zinco, proteína)
  • Distúrbio da tireoide
  • Estressores psicológicos
  • Droga e suplemento nutricional
  • História de exposição a substâncias tóxicas
  • História familiar de doença de cabelo

Além disso, a história clínica pode fornecer pistas de que um distúrbio de perda de cabelo diferente (ou concomitante) está presente. A história menstrual e reprodutiva das mulheres pode levar à consideração da possibilidade de alopecia androgenética devido ao excesso de andrógeno (hormônio masculino).

Exame físico – Os pacientes devem receber um exame cuidadoso da pele do couro cabeludo. Inflamação, pústulas e cicatrizes não são características do eflúvio telógeno isolado. Por este motivo é sempre importante procurar um médico capacitado. A investigação além da história clínica e do exame físico não é necessária para o diagnóstico da maioria dos pacientes com eflúvio telógeno. Entretanto, exames adicionais podem ser úteis para avaliar pacientes nos quais o diagnóstico não é claro.

Exames laboratoriais

O objetivo da avaliação laboratorial é identificar uma causa orgânica. Os seguintes exames complementares podem ser pedidos:

  • Hemograma completo (para avaliar anemia, particularmente útil na primeira avaliação)
  • Painel metabólico completo (para avaliar sinais de doença subjacente)
  • Hormônios da tireoide
  • Ferro e Ferritina

A seleção de estudos laboratoriais adicionais é guiada pela necessidade de descartar distúrbios no diagnóstico diferencial.  O seu médico pode auxiliar neste caminho.

Medicamentos que causam queda de cabelo

Sempre importante lembrar que diversos medicamentos contribuem para a queda de cabelo. Entre eles podemos citar:

  • Acitretina
  • Metais Pesados
  • Hormônios Amantadine
  • Amiodarona
  • Isotretinoína
  • Anticoagulantes
  • Cetoconazol
  • Anticonvulsivantes
  • Lítio
  • Penicilamina
  • Captopril
  • Medicamentos para baixar o colesterol (estatinas)
  • propanolol
  • Cimetidina
  • Ácido Valpróico
  • Colchicina
  • Terapia hormonal com testosterona

Como tratar?

Geralmente, este tipo de queda de cabelo é um distúrbio reativo e reversível. Portanto, identificar e corrigir a causa é o componente mais importante. Técnicas para camuflagem de perda e suporte psicológico são s úteis para gerenciar os efeitos psicossociais desta condição.

Embora a melhora espontânea seja esperada para pacientes com eflúvio telógeno relacionado a um evento isolado (por exemplo, parto), é importante tratar a causa primária . Por exemplo, o tratamento para uma doença associada ou deficiência dietética pode ser feito. Se houver suspeita de queda de cabelo induzida por medicamentos, o remédio em questão deve ser descontinuado por pelo menos três meses para determinar melhora dos sintomas.

Medidas cosméticas – A consulta com um cosmetologista pode ajudar os pacientes a identificar medidas que minimizem os efeitos da queda de cabelo. Técnicas de estilo e coloração e próteses de cabelo podem ser úteis para camuflar a perda. O transplante de fios não é indicado para pacientes com eflúvio telógeno.

Suporte psicológico – A perda de cabelo pode ter um profundo impacto psicossocial. Assim, a consideração do bem-estar emocional do paciente é um componente importante. As preocupações do paciente devem ser tratadas pelo médico de uma maneira sensível. Além disso, a educação sobre o ciclo de crescimento do cabelo e o curso esperado do eflúvio telógeno (incluindo uma explicação de que a perda de cabelo completa não deve ocorrer), pode ajudar a tranqüilizar.

Outros tratamentos – A eficácia do minoxidil tópico e uma variedade de suplementos nutricionais no eflúvio telógeno não é clara.

Minoxidil tópico – O minoxidil tópico é usado principalmente para o tratamento de alopecia androgenética masculina e feminina (causada pelo aumento dos hormônios masculinos). A droga promove o crescimento do cabelo, prolongando a fase de crescimento, encurtando a de repouso e ampliando os folículos capilares miniaturizados. Procure um médico capacitado para saber mais sobre esta medicação.

Suplementos –  Pessoas com deficiência de algum micronutriente podem se beneficiar da reposição dos mesmos. Ficar atento ao ferro, vitamina D e zinco principalmente.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter. Ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como endocrinologista em São Paulo!

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